quinta-feira, 29 de novembro de 2007

SE...(conexões possíveis)>desafio: leia até o fim<<


Há um monte de pessoas com as quais converso e elas dizem ter gostado do filme Efeito Borboleta.

Como filme eu achei uma porcaria!

Achei uma porcaria pq mesmo com uma idéia incrível como base a coisa não deu certo. Mais ou menos oq eu achei do q fizeram com a idéia do Homem sem Sombra... Várias possibilidades a explorar e os caras nem sequer roçaram algumas delas...

Filmes antigos, né? OK!

Meu Blog não se propõe a crítica cinematográfica.

Pra quem não conhece, vai uma definição simples do q vem a ser o efeito borboleta: "(...)termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. (...) faz parte da Teoria do Caos, a qual encontra aplicações em qualquer área das ciências: exatas (engenharia, física, etc), médicas (medicina, veterinária, etc), biológicas (biologia, zoologia, botânica, etc) ou humanas (psicologia, sociologia, etc), na arte ou religião, entre outras aplicações, seja em áreas convencionais e não convencionais. Assim, o Efeito Borboleta encontra também espaço em qualquer sistema natural, ou seja, em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo. (...)"

Bem, prestem atenção nas palavras em destaque!!! Vc´s verão: condições iniciais; teoria do caos; efeito; curso natural das coisas; sistema; qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo.

Percebem - como eu - as implicações disso?

Como somos diferentes e costumamos ter pontos de vista bem diferentes também, eu acho q a respota é: NÃO!

Não que vc´s não percebam! Mas que vc´s não percebem COMO EU.

E isso, ao contrário do q se possa pensar, é belo!

Quanto aos termos:

CONDIÇÕES INICIAIS - refere-se ao próprio caos, como ele se dá, como começa, e, claro,indica que tais condições interferem necessáriamente no resultado decorrente.

TEORIA DO CAOS - essa eu destaquei pra deixar clara a diferença entre chaos, que é uma coisa, e anarquia, que é outra, bem diferente... Vamos lá, aqui uma pausa, ok?

Primeiro: "Caos (do grego Χάος)[Estratégie - hahaha] é, segundo Hesíodo, a primeira divindade a surgir no universo, portanto o mais velho dos deuses". É legal ter em mente que, os mitos buscavam explicar coisas, assim como hj fazemos com as teorias...

Mas o lance é que: "Caos significa algo como "corte", "rachadura", "cisão" ou ainda "separação", já Eros é o princípio que produz a vida por meio da união dos elementos (masculino e feminino)"

Significa tb: "algo como "corte", "rachadura", "cisão" ou ainda "separação""

Na cosmogonia grega eles pensavam em 2 princípios... Um gerador, construtivo, que seria Eros e outro, Destrutivo, desagregador, que seria Chaos. (Acho isso mto interessante!!! É uma explicação recorrente em diversas culturas, opostos complementares, harmonia entre os contrastes, o Universo estaria em expansão/eterna construção ou estaria em retração/eterna desconstrução...)

"Eros é o princípio que produz a vida por meio da união dos elementos (masculino e feminino). Se Caos gera através da separação e distinção dos elementos e Eros através da união ou fusão destes, parece mais lógico que a idéia de confusão e de indistinção elemental pertença a Eros. Eros age de tal modo sobre os elementos do Mundo, que poderia fundi-los numa confusão inexorável."

Interessante, não? (uma vez mais parece confirmar q: tudo, gera o seu contrário...)

A distinção, a capacidade de categorizar, de diferir e discriminar, então, associa-se ao princípio tido como gerador e não ao destrutivo...

Quanto aos termos:

EFEITO - Efeito indica q algo decorre disso. Como há no Aurélio: 1.produto necessário ou fortuito (ou seja, tb pode fugir ao controle ou à previsibilidade) de uma causa; 2.resultado de um ato qualquer...

CURSO NATURAL DAS COISAS - Ora, como pode haver naturalidade, SE por conta do efeito, q pode ser positivo ou negativo, desejado ou imprevisto, então, o curso natural das coisas é sempre imprevisível pq não se pode atribuir o valor correto a cada uma delas bem como não se pode captar como dar-se-á a interação entre as partes componentes desse todo. Então, se admitimos ser natural a interferência tb é natural a discordância, todo o "noise"... Assim, o pecado é natural, o crime, brigas, guerras, mortes, e todos os outros "efeitos" imprevistos ou indesejados que ocorrem pela interação do conjunto. (Pq dependem da interação...)

SISTEMA - Essa é do latim, Systema... "reunião, grupo". Ainda pelo Aurélio:
1.conjunto de elementos, materiais ou ideais, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relação; 2. disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada. Tá bom por aí!
Existem sistemas abertos e sistemas fechados. O que define o sistema é a clareza na determinação de quais são suas partes componentes, que tipos de relações há entre elas e quais são os limites do sistema. Ou seja, é preciso haver uma "película" que determne oq está dentro e faz parte, e aquilo que está fora e não faz parte do sistema. Alguns sistemas podem aceitar a entrada de nvoos componentes, outros não. Alguns podem aceitar e ainda manter sua identidade de sitema, outros, transformam-se com a entrada de novos componentes... Há tb a intereção entre o sistema em si e aquilo q é extra-sistema. Enfim... Existe inclusive outra Teoria, a dos Sistemas, q trata disso mais detalhadamente.

É legam lembrar tb q essas teorias todas têm representações matemáticas, mas as implicações de suas observações sempre podem, como essa do Chaos, ser transportadas para os outros campos do conhecimento...

QUALQUER SISTEMA QUE SEJA DINÂMICO COMPLEXO E ADAPTATIVO - bem, aqui a coisa indica q sua aplicação mais apropriada - sugerida ou prevista - volta-se para os sistemas em que haja interação constante entre as partes. É preciso q haja movimento no tal sistema... E mais, é preciso tb que se reconheça ou admita q os dados componentes de tal sistema sao inúmeros. Existem dados possíveis de se conhecer e outros aos quais não se tem acesso mas seus efeitos estarão lá, presentes, e para nós, serão imprevisíveis, mais ainda assim, terão implicações sobre ele Por fiom, adaptativo faz referência a idéia da persistência do Sistema... ele vai sempre chegar ao novo estágio, ao novo arranjo imposto pelo padrão de interação das partes, ou sua ruptura... Pode-se argumentar até que há ciclos nisso... Entretanto, até agora, estamos falando em termos mais ou menos lineares, como se o sistema e suas partes caminhassem pra algum lugar. Se pensarmos em termos de tempo, ok, sempre haverá evolução cronológica pois o tempo é fluído e não pára! Em termos qualitativos a coisa se complica e deterior pois será necessário atribuir valor para podermos comparar e dizer que algo está melhor ou pior... Há um problema absurdo na atribuição desses valores pq, como ocorre com os números, são atribuições arbitrárias (aqui um minutinho para pseudo-ciência: Já pensaram q o 2 poderia ser o 3???). Assim, as coisas movem-se no tempo. Acumulam tempo. Somemos então à complexidade do sistema a idéia de que ele pode evoluir - está sempre evoluindo - pode também involuir - ou seja, de acordo com valores atribuídos, pode piorar - e pode ainda se revolucionar - ou seja, dar saltos e rumar para situações q, da interação inicial, não se podia esperar, prever, predizer, e nem tampouco evitar.

Então tá... volto agora ao início e evidencio, entre as conexões possíveis entre os elementos que listei, aquelas q eu escolhi.

SE, cada atuação, cada re-arranjo de coisas pode signinificar, no nível macro, uma nova possibilidade inesperada e imprevisível para o sistema ao qual se liga esse elemento, justo isso é sua ordem!

O chaos é sua ordem! E justo do chaos - do choque irrestrito de tudo oq há no sistema, surge uma ordem, q pode ser duradoura ou não. O fato de q as ordens q surgem podem ou não ser duradouras, significa q a presença de evolução, revolução, involução (não necessáriamente nessa ordem) está prevista no sistema, mas que não se pode anunciar ou predizer de modo absoluto qual será o comportamento exato. Há sempre a possibilidade de surpresa.

Então, num mesmo sistema convivem ordens. Ordens q têm maior ou menor adesão, maior ou menor resistência, maior ou menor indiferença... Disso decorre que, as partes componentes, buscando seus interesses (racionalidade??? Instinto???) ou, mantendo coerência com suas percepções, comportam-se de modo a acatar as ordens que lhes parcem boas, repudiar as q lhes são desfavoráveis e serem indiferentes àquelas q não percebem, não compreendem ou que não os afetam...

Essas conexões formam sistemas interativos dentro de um sistema maior... A complexidade só aumenta e a previsibilidade só diminui...

Valores, pontos de vista, tradições, acessos e qualidade das informações q se obtém, convicções, desejos, medos, impulsos, erros e falhas, em todos os envolvidos, em todos os níveis, acabam por gerar um outcome que é recebido pelo sistema. Esse, por sua vez, ao alterar o seu comportamento inicial, "repassa" esse outcome aos demais e o processo interativo parece não ter fim, pq vai, volta, volta vai... Isso ultrapassa os esquemas conhecidos de ação-reação, tese - antítese - síntese, e ocorre todo dia, diante dos nossos olhos.

E os valores atribuídos a isso, que em parte, geram e dão impulso à dinâmica do sistema, podem estar errados, ou seja, não ter relação com aquilo a que imaginam se referir.

Assim, qdo a borboleta bate suas asas "pensando" em voar, ela gera um tufão do outro lado do mundo pq tudo está conectado, recebendo efeitos de tudo

Buscar impôr qualquer tipo de ordem aos sistemas e subsistemas então, é negar que já há uma ordem prévia. E essa ação, terá sua reação. Será recebida de modos diferentes tanto pelo sistema qto por suas partes e vai ecoar de um pro outro, sempre.

8 comentários:

Anônimo disse...

Se... Caríssimo, não faz História!

Na Historiografia, não tratamos de responder as perguntas geradas pelo Chaos, mas sim, fazer com que o saber obtido na pesquisa se revista de sentido para os destinatários finais do conhecimento histórico, ou seja, é tornar vivo os processos de atribuição e reconhecimento de identidades no mundo da cultura.

Posso te enviar uma Tese de Doutorado, com reflexões paralelas a sua! Que tal? Peço então, seu
e-mail.

E fica a pergunta aos demais bloggeiros, O QUE FAZEM OS HISTORIADORES QUANDO FAZEM HISTÓRIA?

Abraços, eu volto!

DEEP disse...

Hum...
Meu parco conhecimento da História como Ciência, diria, numa palavra: Registram. Historiadores registram.

Mas... Tb interpretam, Tb reescrevem, tb elucidam, tb resgatam, tb fogem ao senso comum, mostrando oq se passou, como se passou... Enquanto a maioria de nós simplesmente lembra - como pode - cheios de interferências emocionais e limitados por nossos próprios pontos de vista, capacidades cognitivas, preferências e toda a influência daquilo que queremos no momento presente.

Dentro do q eu escrevi antes e, nesse sentido, são as partes do sistema aprendendo sobre o sistema.

Esssa situação interfere no sistema.

Assim: ele funciona de um jeito qdo não lembra e funciona de outro qdo lembra.

Ele usa as lembranças para buscar melhorar, no momento presente, sua decisão qto ao próximo momento...

Pra isso ele busca entender exatamente oq ocorreu no momento anterior! Espera com isso tomar a melhor decisão possível!

Só que o SE - o condicional - está sempre presente aí pq todas as possibilidades (co)existem potencialmente, MAS, apenas uma única ocorre realmente.

Tal informação pode ser acumulada... Mas temos novamente o problema dos valores. Afinal, o sistema não aprende por igual... Ele é composto de partes q se relacinam e entre essas relações, pode inclusive, ocorrer de um negar ao outro informações cruciais sobre a sucessão de momemtos...

Isso ocorre pq algumas partes do sistema percebem q isso altera o sistema! Isso é um modo de tentar fazer com q o sistema se copmporte de modo favorável à parte.

Mas todas as partes fazem isso ao mesmo tempo.

Agradeço seu comentário e contribuição! Por favor, volte sempre! Será, novamente, bem-vinda!

Taranis disse...

Bah... eu gostei de "Efeito Borboleta". =P

DEEP disse...

Ah, vc não leu, hein!!!

"Meu Blog não se propõe a crítica cinematográfica."

Falou, Valeu!

Filha de Clio disse...

Deep.

Agradeço suas considerações a respeito de Decálago do Historiador!

Apesar de não cumprirmos a risca o que retratam esses mandamentos, mas serve como um belo puxão de orelhas em muitos colegas de profissão que fazem justamente o contrário!

Creio que o próximo post será a tentativa de uma discussão sobre o que prometi: "O que fazem os Historiadores quando fazem História".

Abraços, eu volto!

Filha de Clio disse...

Deeps...

Gosto das suas filosofias e pensamentos...


Que tal, conversarmos pessoalmente sobre Sociedades Anárquicas?
Topas?

DEEP disse...

Tô sendo azarado no meu blog!!!
(ou será q tô dando sorte???)

Puxa!

Topar eu topo...
Anarquia, né?

Sociedades, né??

Então tá!

[Quem pode governar a chuva? Quem pode prever, parar, ou mesmo adiantar um raio natural? Quem pode deter as marés? Avançar ou atrasar o dia em um único segundo que seja??? Pra bem ou pra mal, Quem pode impedir um ser humano são e emancipado de fazer aquilo que quiser? Quem pode impedí-lo de fazer aquilo que ele há de querer por sentir/saber/experimentar ser o certo??? Só outro ser humano ou a própria natureza! ===> NÓS SOMOS INGOVERNÁVEIS!

Filha de Clio disse...

Deeps,

Proponho hj à noite para nos encontrarmos em alguma biblioteca de alguma Facul, para discutirmos o assunto do livro que tive acesso.

Não conheço nada sobre o assunto, mas pelo que observei poderás dar-me aulas sobre o tema. Eis meu objetivo!

Quanto a estar sendo azarado, prefiro te dizer pessoalmente.

Só o que te adianto é "quem um dia irá dizer que não existem razões das coisas feitas pelo coração"!(Julgo, estar tendo atitudes corretas com relação a vc que se mostra ser tão intrigante!)

P.S. Aguardo seus e-mails.