segunda-feira, 13 de agosto de 2007

FORÇAR A EXPRESSÃO!!!


A vida deveria ser sempre fácil de expressar...


Existem muitas palavras, todas elas apontando pra um único aspecto das coisa, MAS - sempre o mas - às vezes, para melhorarmos a expressão, acabamos misturando as coisas... Forçamos os limites do som aliterando, assonando, paranomasiando... Forçamos as construções omitindo coisas de maneira elíptica, eu optamos pela economia do zeugma e deixamos de dizer novamente aquilo que já havia sido (dito, hahaha),ou então reforçamos os fatos repetindo, repetindo e repetindo em polissindetia... E por fim, quando da mente em fluxo, o pensamento avança tão rápido, tão pleno em sua lógica, que embriaga o escrito e e flexibiliza a gramática concordando não com aquilo q vai escrito mas com idéia q passa pela mágica da silepse.


Iniciamos algo de um jeito, mudamos de idéia e, por fim, costuramos tudo com um belo anacoluto. Reforçamos com pleonasmos, erramos com os vícios, limitamo-nos pela ênfase das anáforas com a mesma palavrinha vindo sempre, e de novo, e novamente, e uma vez mais...


Mas uma vez atingido o fluxo, a forma é transcendida e quem assume é o conteúdo... Aí brincamos de modo livre, leve, louco... Damo-nos a aproximar contrários para evidenciar-lhes o contraste. Lembrem-se: tudo gera o seu contrário.


Deformamos propositalmente os sentidos para promover a mais fina ironia, "arma", ou vício ou hábito, dos inteligentes, dizem.


Mas por vezes aquilo que se precisa dizer é tão forte, tão duro ou definitivo que é preciso suavizar a coisa... Dourar a pílula (como se assássemos comprimidos!) mas o fato é que assim a morte torna-se uma viagem de retorno, o problema passa a passa a ser mero contra-tempo. Ainda assim - e ao contrário - quando a coisa é boa, aí sim, forçamo-na ainda mais e ela se torna ainda melhor, infinitamente melhor, capaz de fazer-nos voar, morrer, perder a cabeça. Hiperbolizamos tudo!


Ou ainda, em delírio, a concordância só com as idéias nos faz atribuir à objetos a capacidade de animae dos seres vivos, e ao falarmos com elas recebemos respostas, olhares, sorrisos e assim, o inanimado, por meio da prosopopéia, é convidado ao nosso mundo de possibilidades.


E hoje, as telas, como janelas, nos permitem, pela língua, sugerir imagens enriquecendo ou empobrecendo a expressão pela força das metáforas. Ou também, metonímicamente, transpomos os significados mas mantemos a lógica ao vermos pelas ruas os sem-teto, os sem-nada e outros tantos desvalidos... Tanto pior, quando reconhecemos os limites da língua, mas, ainda assim, a expressão lhe exige que vá adiante e, sem palavras exatamente adequadas, só sentidos, temos de, catrécticamente, desembarcar de nossos carros ou consertar os pés das mesas... Mas a criatividade e o uso coletivo permitem-nos ainda artifícios tais que, dizendo uma coisa - um único aspecto da coisa, em geral o mais marcante e significativo - referirmo-nos à coisa, pelas suas qualidades o marcas. E assim o nike, (faz às vezes tênis ou calçado) já q todos sabemos do q se trata. Perifrásicamente isso nos é possível.


E mais uma vez, ao encararmos os limites daquilo que se pode expressar, os sentidos se fundem e os cheiros são saboreados, os odores devorados, os toques são ouvidos atentamente e os sons surgem como luzes fantásticas, sinestéticamente misturados...


E mesmo com tantos recursos, mesmo com tantas e tantas possibilidades ainda assim, por vezes, nos falta a precisão q permite dizer, I-N-E-Q-U-Í-V-O-C-A-M-E-N-T-E, aquilo que imaginamos e sentimos q precisa, por sua absoluta necessidade muito mais que a precisão, ser dito.


E assim, também eu tenho, por vezes, dado voltas e voltas quando quero dizer algo. Fogem as palavras, o conteúdo excede a forma e, tal qual a bolha que explode, parece que o que é dito torna-se vazio...


Então, desconfio q pra dizer, pra expressar, é preciso sinceridade! Ela trará consigo a graça, a elegância, o ritmo, a adequação e só assim, pela verdade, pela doação que ali se faz, pela transferência q o momento evoca será possível tornar-se a si e ao que for dito INCONFUNDÍVEL, inesquecível, inenarrável...

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que coisa, estavamos falando sobre isso hoje a noite na palestra. :|
Bom, as vezes eu tb me confundo um pouco na hora de me expressar. Dou tantas voltas que acabo chegando a uma conclusao diferente daquela que realmente acredito. Acho que por isso sou mais voltada ao Construtivismo: o debate e as ideias nao tem fim, assim como nossa mente e a capacidade de expressa-las, mesmo encontrando dificuldade para tudo o que foi escrito acima.
Deu pra entender alguma coisa do que escrevi?? :P

DEEP disse...

Eu acho q sim!
Quem dizer, deu pra entender AQUILO QUE EU ENTENDI.
Mas sei que nisso, há um pouco daquilo que vc quis dizer!
UM POUCO... parece pouco, né?
Mas considerando que, nunca serei vc, que só as palavras e seus sentidos comuns no que eu e vc dissemos nos aproximam,assim como a vontade de buscar compreender aquilo que foi dito pelo outro, puxa, já é uma SINTONIA e tanto.

Eu tenho buscado isso!Estou me sentindo estranho com relação a algumas coisas... Não sei se é a falta de nicotina, mas se for, dane-se! Vai ser assim! Se for outra coisa, dou um jeito tb!
Mas oq mais nos isola e querer dizer e não ter como!

E eu desconfio que sempre há como!

E isso é um tipo de mágica, segredo ou milagre...

Mas depende de uma escolha, de vontade, de sinceridade e de coragem!

Essas últimas palavras, escolha, vontade,sinceridade e coragem, todas juntas, são como um sinônimo da palavra fé.

Eu tenho - quer ter - fé!

djo!

Rosa Mística disse...

nossa ...ufa...

Dessa vez um post menos neoliberal ...

heheheh

Rosa Mística disse...

Tudo isso por causa de sua monografia?

DEEP disse...

Mono e vida!!!

A mono me dá "lentes" para ver tudo teórico! (teoRICO!) mas, a vida, dá-me lentes neo-liberais! haha

Eu queria ter mais cor pros comentários! Um arco-íris todo!

Agora mesmo, estou indo pro novo estágio na Anatel! Quero ser brilhante! Que parecer Brilhante! quer dizer, eu sou brilhante, então, preciso ser confiante! hahaha! Tá vendo? Ando numa total indecisão com as palavras! Todas servem mas nenhuma diz, exatamente, aquilo que quer, que preciso, que imagino...

Bem, de algum, modo, acabarei dizendo!

Para a mono o nível do discurso é diferente. Chego a pensar q eu até domino bem isso! Pior são s versos soltos, incompletos... Os suspiros... Mas eu tb rio muito!

Bjo!